Diário de Bordo: Março 2000 |
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Ser pai e mãe hoje Num grande salão do Senado repleto de gente, realizava-se
um colóquio subordinado ao tema "Ser pai e mãe
em situação de grande precariedade". Na assembleia
havia trabalhadores sociais, magistrados e muitos psicólogos.
Fui convidado a tomar a palavra em primeiro lugar para falar
da minha experiência. A meu lado um psicanalista desperta
toda a minha atenção pela pertinência das
suas reflexões: a exclusão dos pais transmite-se
aos filhos. Pais que maltratam foram todos crianças maltratadas.
Não receberam o que era preciso para se construírem
como pais. Ser pai não é um estado, é uma
função. Não se é pai, vai-se sendo.
Por vezes não se chega a ser. Há apenas pais biológicos.
E, voltando-se para mim, o psicanalista cita Jesus em apoio da
sua posição: "Quem é a minha mãe
e quem são os meus irmãos?". Mons. Romero vinte anos depois
A 24 de Março de 1980, Mons. Romero tombava sob as
balas dos militares enquanto celebrava missa. Ninguém
pode calar a voz da justiça. O seu sangue é uma
semente de liberdade. Reencontro-me na sua mensagem que se vive
em Bruges assim como na Partenia. Liturgia insólita
Iranianos em resistência Três deles "raptam-me" em pleno Paris para me levarem ao seu esconderijo. Depois de uma hora de carro, introduziram-me no seu campo entrincheirado sob o olhar da polícia que vigia permanentemente esses lugares. Considero um privilégio poder penetrar neste santuário. O responsável acolhe-me com alegria. Ouço-o sempre com muito interesse falar do seu país de que guarda grande paixão. Depois passámos ao refeitório onde a refeição é sempre comunitária. Esperam-me uns trinta homens e mulheres. Conheço a maior parte das caras. Não os terei encontrado muitas vezes no decurso destes últimos quinze anos? Todos têm membros da família presos, torturados, mortos ou desaparecidos. Esperam que a ditadura dos Mollahs dê lugar a um regime laico e democrático. Não passa um dia sem que pensem no Irão. Com determinação, continuam a resistência em ligação com a diáspora internacional, dando os braços para manterem a coragem do futuro.
Sob as janelas da embaixada Assim que foi conhecida a possível participação de um partido de extrema direita no governo austríaco, realizou-se uma concentração em frente à embaixada da Áustria em Paris. Éramos poucos e sem meios de comunicação social. Mas o importante era estar lá, ser recebidos pelo embaixador, comunicar-lhe os nossos protestos para que ele os transmita. O que foi feito imediatamente. O embaixador recebeu a nossa delegação durante uma hora. Parecia ser um homem magoado pelos acontecimentos políticos do seu país. Não gosta que se qualifique o partido de Haider de extrema direita. É um "partido populista". Estava persuadido de que as medidas anunciadas pela União Europeia não atingiriam o fim desejado e serviriam o partido de Haider. "Deixemos o futuro governo dar provas". Pelo contrário, nós pensamos que a ingerência política da Europa era justificada e constituía mesmo uma emergência. |
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