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MARSELHA: FAMILIAS EXPULSAS
Tomo o comboio com o professor Schwartzenberg e o presidente do DAL (direito
à habitação). É um prazer viajar na sua companhia.
É a segunda vez na semana que vamos a Marselha. Algumas famílias
ocuparam um imóvel vazio no centro da cidade. Uma tarde as forças
da ordem vieram expulsá-las com brutalidade, sem estar previsto o
seu realojamento. As famílias não sabem onde ir. O DAL de
Marselha faz queixa.
Realiza-se uma assembleia no ambiente encantador do velho porto. Não
há muita gente. É tempo de férias escolares e é
sábado santo! As famílias estão contentes por estarmos
lá. Não baixam os braços e continuarão a lutar.
Depois das comunicações, desfilamos até ao município
a pedirmos para sermos recebidos. Ao longo do percurso as pessoas param,
olham para os cartazes, ouvem os slogans: "um teto é um direito",
"não à expulsão sem realojamento".
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STRASBURGO: MARCHA PELA PAZ
O movimento pela paz de que faço parte há já vários
anos, realiza a sua assembleia diante do Palácio da Europa. Muitos
jovens alemães estão presentes com os seus cartazes: "guerra:
um crime contra a humanidade", "ataques aéreos: stop!",
"não é com a Nato nem com bombardeamentos que se encontra
a solução". Foi-me dada oportunidade de dizer nos meios
de comunicação que o recurso à guerra é em si
um fracasso. Depois das comunicações, iniciámos uma
longa marcha através das ruas de Strasburgo. Uma marcha pela paz
no dia de Páscoa!
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DJIBUTI: PRESOS POLITICOS
- Há 19 meses que cerca de quarenta presos polícos vivem
em Djibuti condições de detenção inhumanas.
Dois detidos já morreram e outros oitos estão em perigo de
vida. Para protestar, decidiram iniciar uma greve de fome. Por solidariedade,
na Bélgica e em França, grupos de
- djibutianos tomaram a mesma iniciativa: uma greve de fome. Junto-me
ao grupo de Bagnolet, nos arredores de Paris. Num local modesto conheço
Aicha, a porta voz. Que presença! Nos meios de comunicação
chamam-lhe " a leoa do Djibuti", "a insubmissa"...
Não se pode esquecê-la. Gosto de me ir encontrar com estes
grevistas de fome que se tornaram como uma família e juntar-me à
sua luta. Aicha reclama a libertação dos presos políticos.
Denuncia o apoio incondicional da França ao regime anti-democrático
do Djibuti.
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FILADELFIA: DEFESA DE MUMIA ABU JAMAL
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- Num café parisiense realiza-se uma conferência de imprensa
para explicar a nossa partida para Filadélfia e a nossa defesa de
Mumia.
- Danielle Mitterand está connosco e participará na viagem.
Mumia é um jornalista corajoso que há 17 anos clama a sua
inocência. Encontra-se actualmente nos corredores da morte à
espera da execução. Preso em 1981 quando prestava socorro
ao seu irmão agredido pela polícia, Mumia é acusado
da morte de um polícia. Foi condenado à morte em 1982 após
um processo falseado. Na verdade Mumia foi condenado pelo seu empenhamento
político com os Black Panthers em 1970. A polícia e a justiça
de Filadélfia quiseram calar aquele que continua a ser chamado "a
voz dos sem voz".
- A 24 de Abril, dia dos seus 45 anos, terá lugar uma grande manifestação
em Filadélfia para exigir um novo processo e a abolição
da pena de morte. Eu participarei na delegação francesa composta
por 60 militantes dos direitos humanos.
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MARCHA SILENCIOSA DE SOLIDARIEDADE
- Um jovem é morto numa intervenção policial num
bairro de Paris. Chama-se Souleymane. Tem 21 anos. A sua família
e as associações do bairro mobilizaram-se para que seja esclarecida
a morte de Souleymane e o caso não seja arquivado. Fico impressionado
com esta marcha silenciosa. Um silêncio que diz tudo! Que dignidade
nesta multidão!
- Alguns jovens distribuem o manifesto "Stop à violência",
que está a aumentar nas periferias. Os jovens são muito possuídos
pelo racismo, a violência, o medo. Mas pretendem inverter esta lógica
de morte. Quem poderá fazê-lo, se eles mesmos não tomam
a iniciativa? É isso que dá esperança.
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