A QUESTÃO DO PLAGIATO
Pouco depois da saída do teu último livro, "La
dernière tentation du diable", foste acusado de ter plagiado
um livro de um membro da universidade de Lyon. Que aconteceu exactamente?
O director das Edições Nº 1 propôs-me escrever
um livro sobre o lugar do diabo na sociedade e o papel das seitas satânicas.
Pedia-me para dar a conhecer a palavra de um homem da Igreja sobre estas
questões. Teria documentalistas à minha disposição.
"Para elaborar esta obra, rodeei-me de uma equipa que me permitiu
abordar esse universo do diabo que me era desconhecido. Foi com paixão
e medo que fizemos esse livro. Partimos de uma indignação
comum, a profanação do cemitério de Carpentras"...
Foi assim que me exprimi no capítulo primeiro, página 17
do meu livro. Mas um documentalista indelicado forneceu-me um trabalho que
não era seu, abusando assim da minha confiança. É um
plágio.
Que medidas tomaste?
Aceitei todas as entrevistas que me foram pedidas para explicar o que
se tinha passado. E optei imediatamente por uma decisão radical:
retirar o livro do mercado, para que as coisas fiquem claras perante a opinião
pública.
Podes fazer o ponto da situação das tuas obras?
Há os livros que escrevi pessoalmente do princípio ao fim,
que é o mais fácil para mim. É o caso de "Foi
sans frontières", que surge de um retiro que tinha feito aos
padres na Argélia.
Depois aqueles que são feitos com um(a) entrevistador(a). Já
é mais complicado se não conheço a pessoa. É
o caso do livro "Je prends la liberté", em que o jornalista
me fazia... tomar direcções imprevistas e abordar temas que
não me despertavam interesse.
Por fim os livros feitos em equipa. São os mais difíceis
para mim. É o caso da "La dernière tentation du diable",
cuja impressão eu devia ter retardado porque o trabalho não
me satisfazia. Não é fácil realizar uma obra com gente
de sensibilidade e estilo diferentes.
Falando francamente, que fazes tu dos direitos de autor dos teus diferentes
livros?
São sempre integralmente canalizados para associações
de defesa dos direitos e para a Parténia.
Visto à distância, que pensas desta questão do
plagiato?
Pode-se suspender a venda de um livro, mas não se pode suspender
a palavra. Perante o obstáculo, ela salta, vence um caminho, suscita
outras palavras. Este acontecimento deu-me oportunidade de ser testemunha
de palavras inesperadas e fortes.
De um modo mais amplo, o plagio pôs publicamente a questão
do papel dos editores. Hoje, estes recorrem cada vez mais a colaboradores
que não têm tempo para fazer um verdadeiro trabalho de investigação.
E acontece que esta questão lançou o descrédito sobre
a minha pessoa e os livros que escrevi. Mas este episódio não
entrava o caminho. Já está em preparação um
outro livro. Terei ainda a ousadia de o assinar.
Diálogo recolhido pela redacção de Parténia
Jacques Gaillot |