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NÃO AOS NEGOCIOS CHORUDOS AS COSTAS DO POVO!
No Congo desde 1992, o P. Lucien Favre, espiritano suiço, 37 anos, desaparece de Dolisie no fim de Janeiro de 1999. Três dias na floresta com dois confrades e milhares de congoleses fugindo dos combates entre angolanos ao serviço de Sassou Nguesso e "Cocoye" de Lissouba marcaram-no profundamente. Explicações.
(Repreensão) "As pessoas não aceitam que os chefes se sirvam da religião".
FUGIU DOS MASSACRES COM MILHARES DES CONGOLESES?
QUER DIZER QUE O OCIDENTE NÃO SE INTERESSA PELA ÁFRICA?
Hoje, em zonas de conflito, a PAM (Programa Alimentar Mundial) estrangula a economia local com toneladas de milho. Durante a guerra de 1997, o seu director não compreendeu que em nome da Ajuda católica eu tenha recusado uma oferta de 2.000 toneladas de milho, dizendo: "Deixem as mulheres vender o seu milho!". Há muitas ofertas envenenadas deste tipo. Vejamos todas as roupas que se amontoam para "aqueles pobres" e que depois são vendidas por quase nada. Nada melhor para esmagar a economia dos países produtores de algodão. Cooperante em Madagáscar, vi as pessoas preferirem pagar umas jeans usadas do que comprar uma camisa fabricada no país, devido à atracção de tudo o que vem do Ocidente... Tais "ofertas" aniquilam por vezes famílias inteiras de produtores. Não se trata de política no sentido estrito, mas sim de política económica. As grandes empresas ocidentais têm interesse em explorar os recursos naturais dos países pobres. O que é menos conhecido é o interesse em exportar tudo o que no Ocidente constitui problema. Os nossos agricultores que produzem demasiado (afogando os solos com produtos químicos não muito ecológicos) vão protestar a Bruxelas e Paris ou espalham as suas couves nas estradas. Ninguém sabe como convencê-los a produzir menos. Solução? Vender aos novos países, cujos mercados se vão tornando favoráveis, onde as populações aumentam e têm grandes carências. O que é preciso é que estes países não produzam, antes pelo contrário é preciso que consumam cada vez mais a fim de que as economias dos países ricos possam tirar daí o máximo proveito.
E A COOPERACÃO, A SOLIDARIEDADE FRANCOFONA
HA NO CONGO COMPANHIAS FRANCESAS QUE INFLUENCIEM A POLITICA?
Elf-Aquitaine é hoje a companhia com um impacto mais determinante na política do país. O seu petróleo é explorado em off-shore; o país pode desagregar-se sem que a Elf perca uma gota do ouro negro. E é vendido noutros lugares. Os inúmeros libaneses, comerciantes natos, representam também uma força importante, assim como as companhias florestais. ESTAS COMPANHIAS PETROLIFERAS OU COMERCIAIS ARMAM OS REBELDES, OS MILITARES?
Mais que os países, são as companhias económicas transnacionais que estão implicadas nisso. Elf, por exemplo, tem 40% de capital norte-americano. Não há responsabilidades directas, mas a FIBA, Banco da Elf, paga directamente aos militares. Através dela o governo congolês recebe o dinheiro necessário para a compra de armas. Em 1997, a FIBA financiava os dois lados: os militares do governo e os rebeldes de Lissouba. Terá mesmo favorecido estes últimos. Método para ganhar: se as pessoas se matam umas às outras, eu, companhia petrolífera estrangeira, controlo melhor a situação. Isto passa-se no Congo e noutros lugares. Povos inteiros tornam-se reféns de interesses egoístas. E pagam sempre o preço mais elevado: fanatismo e luta fratricida. Os dirigentes políticos erguem-se uns contra os outros, o Norte contra o Sul, e as pessoas deslocadas, amedrontadas, exterminadas não compreendem as jogadas. Os dirigentes locais batem-se por privilégios. Aquele que ganhar sabe muito bem que Elf enviará para a sua conta na Suíça ou noutro lugar qualquer, uma boa percentagem dos lucros, riqueza do país que devia pertencer ao povo. O dedo é hoje apontado mais para os corrompidos e menos para os corruptores. Quando o povo tomar consciência disto, será mais difícil troçar dele. As pessoas desejam o bem estar comum. Recusam os chefes que as manipulam, que se servem do argumento étnico para provocar a guerra. Já não aceitam que os chefes se sirvam da religião sentando-se nos primeiros lugares nas nossas catedrais e igrejas.
Da entrevista à agência Fides-Roma.
CRIMES CONTRA A HUMANIDADE
Joaquim Mbanza, redactor chefe da Semana Africana, hebdomadário católico de Brazzaville. | |||
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Quando em Janeiro de 1995 Jacques Gaillot foi brutalmente demitido das suas funções em Evreux, essa evicção toma a forma, um pouco surrealista, de uma nomeação à frente de uma diocese fictícia desde há séculos, Partenia, na Argélia. Desse modo, faz dele uma espécie de bispo virtual cujos potenciais paroquianos estavam disseminados por todo o planeta... Um ano depois, decidindo tomar à letra a sua nomeação, cria um site Internet para se corresponder com interlocutores de todo o mundo. O sucesso foi imediato: de toda a França, do Canadá, da Austrália e de dezenas de países, milhares de internautas leigos e religiosos, cristãos ou não, apoiantes ou opositores, conversaram sobre os mais diversos assuntos. Este livro dá conta deste extraordinário lugar de intercâmbio
que é o site Partenia 2000, reflexo de uma Igreja de amanhã
para a qual a divisão geográfica das dioceses, herdada da
Idade Média, já não terá muito sentido. Jacques
Gaillot apresenta, recolhidas por Philippe Huet e Elizabeth Coquart, mensagens
que falam de exclusão, de racismo, de pena de morte e de muitas outras
questões quentes. Sonho de uma Igreja a par com a evolução
do mundo, evocação de revoltas e de esperanças de toda
uma geração, esta compilação de testemunhos,
que o bispo recebe com a fé que o habita, inaugura um género
de "pastoral" totalmente inédito. | |||
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