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Manifestação anti-nuclear
(30-31 Maio de 98)
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- Em Vogues, nos dias 30-31 Maio de 98, realizou-se uma concentração
europeia para protestar contra o enterramento de detritos nucleares. O
Governo francês prepara-se para decretar o enterramento dos detritos
em camadas geológicas profundas. As delegações estrangeiras
(Inglaterra, Japão, Espanha. Alemanha, Suiça, Itália,
Estados Unidos, Bélgica...) transmitiram-nos o que se passa nos
seus respectivos países.
Num campo onde os tractores acabavam de lavrar a terra, realizámos
uma acção simbólica: 100.000 grãos de trigo
contra os detritos nucleares "para significar que a terra é
feita para dar vida e não para transmitir a morte". Com vários
milhares de pessoas, pela primeira vez, fiz o gesto do semeador.
Em França acaba de se constituir uma rede que já engloba
220 associações signatárias da carta "abandonar
o nuclear".
Esta rede terá de se bater com o poderoso lobby nuclear francês
que impõe a sua lei por toda a parte, impede a transparência
da informação e distribui subsídios por alguns.
Mas os incidentes nucleares sucedem-se: ontem eram as fugas radioactivas
do centro de armazenagem de Manche, depois os transportes contaminados.
Hoje, são as fendas nas condutas da recém construída
central de Civaux. Amanhã, que notícias nos darão?
Desde Tchernobyl, sabemos que não é de excluir a possibilidade
de uma catástrofe de maiores dimensões, daí o questionamento
do credo nuclear.
A concentração europeia fez ouvir um grito: derramar os
detritos é expor o subsolo a uma contaminação incontrolável.
Derramar os detritos, é uma ameaça insensata sobre a herança
deixada às gerações futuras.
É necessário ouvir este grito e divulgá-lo. Antes
que seja demasiado tarde. Para que o séc. XXI não seja nuclear
e a humanidade viva.
Jacques Gaillot
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