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As crianças de Gaza
As crianças e a paz caminham
em conjunto. Elas são, muitas vezes, as esquecidas das
guerras. A sua voz precisa de ser ouvida porque a paz passa também
por elas. Georges Vimard, que vive em Gaza, faz-nos ouvir os
seus gritos de desespero. Ainda uma vez, obrigado por isso. (JG)
Um dia. ao ir para a escola, não havia nada acerca
da guerra, nem sequer uma palavra. Mas, no dia seguinte, era
a tremenda guerra contra os Palestinianos. Era como se a terra
se tivesse posto de pé e começasse a correr. De
repente, começaram os tiros e as balas como a chuva num
dia de sol de verão. Sami 9 anos
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Estamos em guerra e os outros países ajudam somente
com as suas palavras. Eu quero enviar uma carta a todas as crianças
do mundo para provar que nós esperamos que isto mude.
Boutros 11 anos |
Eu sou uma criança mas sei o que se passa no mundo. Aqui,
o exército mata-nos sem distinguir os homens, as mulheres
e as crianças.
- Tawfiq 8 anos
Se pensam que eu vou dizer que estou com medo de morrer,
enganam-se porque eu estou cheio de fé em Deus que nunca
nos deixa. Estou certo de que muitas pessoas pensam como eu e
isso permite-lhes fazer coisas corajosas. Os Israelitas podem
bombardear-nos como quiserem, podem matar-nos; a única
coisa que não nos tirarão é a fé.
Issa 10 anos
Cada pessoa espera ter paz e especialmente os Palestinianos
que desejam a paz e sonham com ela : a paz entre eles e com Israel.
- Laila 15 anos
Eu quero escutar bela música e não o ruído
dos mísseis e das balas. Quero ver paisagens bonitas,
não os enterros dos mártires e os sofrimentos dos
feridos. Quero poder brincar no jardim com os amigos. Rana
14 anos
Os cristãos espantam-se que os países cristãos
como a Inglaterra e os Estados Unidos não os apoiem. Os
muçulmanos espantam-se com os magros resultados da Cimeira
Árabe. Quem nos apoia? Ala 12 anos
A única arma que resta para trazer a paz é
conservar a esperança e a oração com um
coração dilacerado, pedindo a Deus que nos faça
viver uma vida digna. Rami 16 anos
Que Saddam Hussein mande os seus mísseis e destrua
Israel!
- Karim 8 anos
A paz que procuramos deve vir primeiro dos nossos corações.
Nós, os jovens, podemos fazer a diferença e transformar
o conflito actual numa reconciliação histórica
pela compreensão das necessidades de cada um. Haneen
16 anos
O meu pai tem de ir a Jerusalém para trabalhar
mas os judeus não deixam. Querem que fiquemos sem trabalho,
sem comida. Querem a nossa morte. Mahmoud 12 anos
A política israelita é aterrorizar o nosso
povo e destruir a sua vontade. E, no entanto, isso reforça
a nossa determinação de procurar a liberdade.
Saher 15 anos
A Palestina á um país muito importante porque
está situada no centro do mundo árabe. Foi ali
que Jesus nasceu e é o lugar de El Asra e de El Miraj
do profeta Mohammad. Esreen 14 anos
Não temos medo de Israel porque estamos no nosso
direito. É a nossa terra, a terra dos nossos pais e dos
nossos avós. Voltaremos para lá. John 9
anos
A Intifada é uma palavra sagrada para todos os
Palestinianos. O que significa muito para cada coração
palestiniano. Deixem-nos lembrar-lhes toda a miséria que
enfrentamos e o sangue que derramamos para poder regressar à
nossa terra. Contávamos com um raio de esperança,
ter Jerusalém por meio de negociações, mas
nada. Faremos tudo para recuperar Jerusalém. Kareem
16 anos
Por que razão as nossas esperanças de um
futuro melhor são destruídas? Por que razão
o nascer do sol da Primavera desapareceu sob a neve do Inverno?
Por que razão morrem crianças inocentes? Eu espero
a resposta a estas perguntas e não o silêncio do
mundo perante tais crimes. Mera 17 anos
Finalmente, lembrar-nos-emos de que, durante a batalha,
devemos guardar na memória a palavra "humanidade".
Mesmo se o nosso inimigo a esqueceu e faz tudo para que o mundo
inteiro a esqueça também. Pedimos uma protecção
internacional para salvar as crianças e o povo. Elias
15 anos
Eu sou uma palestiniana. Nós somos um povo que
vive numa pequena região. Queremos viver em paz sem toques
de recolher nem bloqueios e dormir horas suficientes e ter bons
sonhos em vez de pesadelos. Poder brincar na nossa terra e aprender
na escola. Nour 12 anos
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- Belém, neste Natal de 2000, está no centro
da guerra. No céu da Palestina, os mísseis aterrorizam
os anjos e as crianças. No território cercado,
o chão está ainda fresco de centenas de sepulturas
feitas enquanto o exército e os colonos aplicam a sua
política de terra queimada. Nos muros da cidade cobertos
de graffitis vingadores, eu
- leio : "Lann nerka! Não cederemos." Se
o Natal, que é a glória de Deus, é também
o homem vivo, então o homem não cederá porque,
um dia, Deus vergou-se humildemente até ao mais baixo
do humano para comunicar a sua dignidade àquele que já
não a tem. É a glória de Deus que a luz
mortal das armas não pode ver, que aqueles que devastam
a terra e a alma de um povo não podem entender.
- Como se explica que homens, mulheres, crianças
se ergam depois de terem tocado o mais fundo da humilhação?
Donde lhes vem este sentido do homem?
De um Menino nascido na noite de uma ocupação militar,
há 2000 anos, em Belém. Palavra para todos e cada
um dos homens que Deus ama.
Em casa, na Noite de Natal, acolham a voz destas crianças
vivas em Belém, Beit Jala, Beit Sahour, em Gaza, em Jerusalém
e em Ramallah. No meio das suas cóleras e dos seus medos,
escutem também a sua confiança num mundo novo.
Então o céu deixa de ser ameaçador, o anjo
de Deus pode inclinar sobre os homens as asas da sua ternura.
E, por toda a parte, podem crescer rebentos de oliveira.
- Georges Vimard
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