A Carta de Jacques Gaillot de Maio 2000

A celebração do Newroz

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A celebração do Newroz

A 21 de Março, a Festa do Newroz é a oportunidade para milhões de kurdos (onde quer que se encontrem) afirmarem a sua existência e recusarem qualquer tentativa de assimilação forçada.

Esta festa comemora o nascimento do povo kurdo e a tomada de consciência da sua cultura, cuja origem é anterior à era cristã, numa região que foi o berço da humanidade.

Festa caracterizada por cantos e danças colectivas acompanhadas por instrumentos tradicionais, constitui um acto forte de resistência e afirmação da existência do povo kurdo.

O governo turco, apesar de enviar para lá o exército e fechar o Kurdistão aos estrangeiros, nunca conseguiu impedir os kurdos de festejarem o Newroz. Neste ano dois mil, os festejos revestiam um carácter particular: aconteciam pela primeira vez num Kurdistão da Turquia onde a maior parte das grandes cidades, nas eleições de 18 de Abril, tinham eleito as municipalidade pelo HADEP (partido turco pro-kurdo).

A festa estava prevista para Diyarbakir, cidade histórica de muralhas célebres, actualmente com 1,5 milhão de habitantes incluindo os refugiados das montanhas, expulsos pelo exército.

Os que foram eleitos quiseram fazer do Newroz o reconhecimento da identidade do povo kurdo, com a participação internacional de artistas, intelectuais e personalidades da cultura. Foi um êxito em todos os sentidos. Uma multidão imensa, avaliada em 200.000 pessoas, sobretudo jovens, manifestava a sua alegria e cantava a paz.

Eu fazia parte da delegação francesa que devia participar na Festa do Newroz. Nas minhas viagens anteriores não tinha tido possibilidade de ir até Diyarbakir. Uma vez mais tivemos oportunidade de experimentar os incómodos de um regime que monta barragens e postos de controle do exército e da polícia, e que mantém um cerco cerrado à cidade de Diyarbakir. Tudo estava a ser feito para que chegássemos depois da festa. Nós não estaríamos na multidão em alegria colectiva, mas faríamos parte dela. Não era isso o essencial?

Apesar da prisão e ameaças de morte que pesam sobre o líder Ochalam, o PKK lançou um apelo à interrupção da luta armada e à abertura do diálogo, para uma sociedade de paz e democracia. Os kurdos querem profundamente a paz e a participação em igualdade de direitos com os turcos, para construírem uma Turquia moderna e democrática.

Tive a sensação pela primeira vez que uma frágil esperança de paz nascia.



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