A Bíblia, como livro aberto: 
Abril de 2003

la bible 

  As Palmas ou o triunfo do jumento. 
 

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As Palmas ou o triunfo do jumento.

Os evangelistas contam que, no início da semana que antecede os acontecimentos trágicos da morte de Jesus, este pediu que lhe trouxessem um jumento. "Estando próximos de Jerusalém, perto de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras, Jesus enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes:
 
Rameaux "Ide à povoação que está em frente de vós e, logo que nela entrardes, encontrareis um jumentinho preso, que ainda ninguém montou. Soltai-o e trazei-o. E se alguém vos perguntar: Porque fazeis isso? Respondei: O Senhor precisa dele; e logo o mandará de volta." (Cf. Mt 21,1-11 e par). 
 
Qual é afinal a importância de um jumento neste simulacro de triunfo ao qual chamamos Domingo de Ramos, devido ao simples facto, de os partidários de Jesus o terem recebido em Jerusalém acenando com ramos de palmeira e de outros arbustos verdes? Talvez a explicação esteja no facto de o jumento, no fundo ser a antítese do cavalo.

A tradição bíblica faz aparecer normalmente o cavalo como imagem de força, de poder, querendo expressar de certa forma a autoconfiança egoísta e orgulhoso exacerbado do Homem. Um Homem a cavalo é de tal forma poderoso que consegue esmagar os seus inimigos; é um Homem preparado para a batalha, podendo desta forma dispensar até o próprio Deus. O Cavalo é aparelhado para os reis e para os poderosos. Ele é arma e símbolo da violência guerreira, do orgulho e arrogância do Homem, símbolo da sede desenfreada de conquista.

Em oposição ao cavalo, temos o jumento. Animal normalmente destinado a tarefas mais pacíficas sendo muito comum vê-lo associado ao trabalho mais humilde. O jumento é um animal que vive de pouco, tal como os pobres e os camponeses a quem serve de ''braço direito" na luta diária pela sobrevivência. De facto, não nos deverá surpreender que Jesus, amigo dos pobres e oprimidos, servo dos servos de Yawhé, decida fazer a sua entrada triunfal em Jerusalém montado num jumentinho.

Uma vez mais, o evangelho mostra-nos Jesus não só como Senhor mas também como servo. O mesmo Jesus, que ao lavar os pés aos discípulos se afirma como Senhor e Mestre, vêmo-lo entrar agora na grande cidade de Jerusalém montado numa humilde criatura, um jumento.
Afinal que Mestre e Senhor é este que chega aclamado pelo povo com palmas e ramos de arbustos verdes, como o bendito que vem em nome do Senhor?
 
vie éternelle Pois bem, este Mestre e Senhor que chega é o que Pedro reconhece como tendo palavras de vida eterna , como aquele cujas palavras dão sentido à vida. Este é um Mestre de sabedoria, uma sabedoria que não se impõe, mas que é sempre proposta: "Se queres...". É precisamente este misto de vulnerabilidade e autoridade que seduz os amigos de Jesus e que de certa forma, lhes permite reconhecer nesse mesmo Jesus um ser humano como eles na sua fragilidade mas também um ser humano no qual a fragilidade se encontra habitada por um sopro de vida proveniente do alto, proveniente de Deus.