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- Manifestação
contra a guerra
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- Tendo sido convidado a participar num Fórum de
debate a realizar em Vitória no País Basco, segui
sem hesitar os participantes desse mesmo Fórum, que decidem
juntar-se na rua aos que se manifestam contra a guerra á
semelhança do que está a acontecer um pouco por
todas as cidades espanholas.
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A praça central encontrava-se repleta de gente, entre
os quais muitos jovens. É verdadeiramente maravilhoso
ver como toda uma cidade se mobiliza para dizer não à
guerra. |
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- Simultaneamente, decorrem noutros pontos do globo iniciativas
deste tipo. Tamanha mobilização da população
mundial é algo de inédito, constituindo um verdadeiro
sinal dos tempos, expressão máxima da humanidade
naquilo que ela tem de melhor.
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Foi-me pedido pela organização para caminhar
junto com os responsáveis à frente da multidão,
levando comigo um grande cartaz. |
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- Caminhamos durante hora e meia pelas ruas de Vitória.
No fim, voltamos a encontrar-nos no ponto de partida,
momento no qual muitos dos jovens manifestantes aproveitam para
tomar a palavra. Ao escutar as palavras convictas e determinadas
destes jovens, é-me impossível não estar
de acordo com os que dizem que: verdadeiramente, os jovens
e a paz caminham juntos.
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Comunicar é viver
É frequente estar diante de auditórios muito
diversificados. Em determinado momento ao falar aos Flamengos,
embora não recorde nem o tema do encontro nem as questões
em debate, recordo isso sim que, embora fosse necessária
tradução, a comunicação não
se viu travada.
Pois bem, eis-me agora com Suíços em Lausanne,
mais propriamente numa loja maçónica. Exeptuando
quem me convidou, não conheço mais ninguém,
contudo nem mesmo aqui a palavra se vê obstruída.
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É um verdadeiro mistério, o facto de a mensagem
passar, mesmo quando aparentemente se defronta com barreiras
intransponíveis. |
Facto que, só por si certifica a própria
aparência dessas mesmas barreiras como entrave à
possibilidade do diálogo. Diríamos que no fundo
a mensagem passa quando brota do coração e consegue
tocar os corações daqueles a quem se dirige. Para
minha grande satisfação, foi de facto isto o que
se passou. Mais uma prova de que comunicar é também
viver. |
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Uma luta arriscada
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É-me pedido que vá visitar os Sem Papéis
de Lyon que se encontram em greve de fome há 54 dias
como forma de chamar a atenção das autoridades
para a situação extremamente precária em
que se encontram. |
Akim vem buscar-me à estação dos comboios
e seguimos para o lugar onde estes dez grevistas, entre os quais
duas mulheres (o que é pouco frequente neste tipo de iniciativas),
se encontram deitados no chão sobre colchões. Encontro-me
em família e faço questão de dar a cada
um e a cada uma um pouco do meu tempo, tempo para escutar, tempo
para, pura e simplesmente estar e desfrutar da sua companhia,
estar atento, fazer-me próximo.
Estão felizes com a minha presença e com o facto
de ter vindo propositadamente para estar com eles.
Junto com Mohammed vou visitar Rachid, um dos que tendo
iniciado esta greve de fome se encontra agora hospitalizado.
Encontro-o extremamente fraco e muito magro, dependente para
sobreviver de soro. Contudo, espera-me também a força
do seu sorriso e o carinho do seu abraço. A minha mão
demora-se na sua, enquanto diz: Estou disposto a ir até
às ultimas consequências com este protesto. Estou
disposto a fazê-lo até que nos dêem ouvidos
e finalmente se decidam em resolver a nossa situação.
Ao voltar para o lugar onde se encontram os outros manifestantes
e aproveitando o facto de se encontrarem aí os meios de
comunicação social, tomo a palavra em defesa dos
Sem Papéis exigindo a regularização
imediata da sua situação.
A forma de luta adoptada é extremamente arriscada.
No entanto, valeu a pena o esforço, na medida em que,
pouco tempo depois todos viram finalmente a sua situação
regularizada. Neste momento, também eles e elas se preparam
para festejar a vitória. |
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- Um mandato de expulsão
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Pela primeira vez, em 17 anos, foram expulsas 54 pessoas oriundas
do Senegal e da Costa do Marfim. |
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- O processo de repatriamento envolveu 89 polícias
franceses e 4 funcionários alemães do serviço
de estrangeiros e fronteiras. Uma verdadeira mega operação
de repatriamento em massa que decorreu a 3 de Março, no
aeroporto de Roissy.
Os repatriados viajaram algemados e sob o efeito de sedativos
chegando mesmo a ser insultados. Recordamos aqui que a Convenção
Europeia dos Direitos Humanos proíbe expressamente as
expulsões/repatriamentos colectivos, na medida em que
se assemelham a actos de deportação.
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Os membros da associação "Droits Devant",
decidiram então ocupar a agência de viagens FRAM,
a qual trabalha normalmente com a companhia aérea Euralair-Horizons,
proprietária do avião fretado para o efeito. |
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- O logotipo que se encontrava no avião era bem explícito,
FRAM, todos o podemos certificar pelas imagens que passaram na
televisão.
- Pedimos para falar com o director da companhia a quem
alertamos para o facto de que a FRAM ao assinar a "Charte
de Voyage", sob a égide do Ministério do Turismo,
compromete-se, como aliás tivemos oportunidade de verificar
por escrito, em fretar apenas aparelhos cujas companhias proprietárias
respeitem as convenções europeias e internacionais.
Exigimos que nos digam o porquê de não ter a FRAM
respeitado o compromisso que fez ao assinar a "Charte du
voyage". O diálogo que se estabeleceu foi um tanto
ou quanto aceso. Resta-nos a esperança de que as reivindicações
feitas não tenham caído em saco roto.
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