Grito de dor
Ahmed é um jovem militante dos direitos humanos
que eu muito admiro. Participa nas lutas dos 'sem-papéis'
e dos mal alojados. Na segunda volta das eleições
francesas para a presidência da república, fez parte
do 'Movimento Espontâneo' contra a Frente Nacional.
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Como não suporta a injustiça, encontra-se em
todas as causas. Durante um encontro em Estrasburgo foi detido
e acusado de ter batido num polícia. |
De uma prisão de Estrasburgo, Ahmed escreveu-me
uma carta comovente que revela os gritos dolorosos dos presos,
aqueles gritos que tantas vez podemos ouvir nos salmos.
"Sinto-me profundamente tocado pela tua confiança
em mim. Eles dizem que me puseram em isolamento mas como é
que me podem isolar da luta e do amor de Deus e dos seres humanos
?
O que mais custa a suportar nesta cela de isolamento é
ouvir os gritos de dor que me chegam das outras celas. |
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Eles gritam, Jacques, e eu acho que se eu de facto tivesse
batido naquele polícia, também gritaria como eles.
Creio que se os meus camaradas detidos gritam e choram, é
porque eles se crêem sós, sem as suas esposas, os
seus filhos, ou os seus amigos(as). A prisão não
foi feita para se deixar o ódio para trás.
Até breve meu irmão. Amo-te. Ahmed." |